РУССЛИЙ

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Poeta Russo ou Brasileiro?

Pode ser os dois!

Oleg Andréev Almeida, poeta lusófono de procedência eslava, nasceu em 1º de abril de 1971 na Bielo-Rússia que, naquela época, fazia parte da União Soviética. Formado em Letras (1992) e pós-graduado em Administração Financeira (1999), seguiu uma longa carreira de tradutor, analista e executivo na área comercial. Começou a escrever muito cedo e, nos anos 80-90, publicou vários poemas e artigos nos periódicos de Gômel, sua cidade natal. Veio radicar-se no Brasil em 2005. Desde então mora em Brasília e trabalha como tradutor do vernáculo russo. Os versos dele escritos em português integram diversas antologias da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE/Rio de Janeiro), do Movimento Cultural “Celeiro de Escritores” (Santos, SP) e outras editoras brasileiras, sendo também divulgados através da mídia eletrônica

“Surpreendente o domínio da língua portuguesa por um poeta eslavo! Degusta as palavras e os sentidos em poesia que linda com a prosa, de forma direta, confessional, sutil mas, ao mesmo tempo, incisiva. Aposto no talento dele.” Antonio Miranda 

Página web do poeta: https://sites.google.com/site/olegalmeida/

... e uma amostra de sua poesia:

Autorretrato.
Não quero ser político
nem empresário, nem executivo;
ainda menos, líder da maioria vitoriosa.
Não me atrai a perspectiva
de viver preso ao telefone,
de dar entrevistas a torto e a direito,
de prestar contas ou, Deus me livre, depoimentos
no fim da jornada.
Não é que pregue a modéstia
que, aliás, não faz parte do meu caráter,
mas, vendo o ápice do Olimpo coberto de nuvens,
duvido que valha mesmo a pena atingi-lo.
De modo nenhum me seduz a glória,
sobretudo a póstuma,
bem como a opulência exagerada,
pois, com o tempo, esta perece nas baixas da bolsa
ou passa a juntar as baratas,
enquanto aquela cede lugar a outros louvores
falsos ou verdadeiros.
Não é que me curve perante a realidade,
mas, certo de que nas pontas da básica equação
ficam o tombo e o coqueiro igualmente concretos,
acho mais razoável manter-me na defensiva,
distante dos cargos de alto nível.
Não gosto, enfim, de vestir-me de preto e branco,
tampouco de integrar os esquemas
montados pela vontade alheia:
temo as cores monótonas,
e deixa-me trêmulo a simetria que se alinha à morte.
Não é que seja covarde por natureza,
mas, apegado a tradições seculares,
prefiro a lancha ao navio
e ao trombone, a flauta.
O íntimo sonho que tenho
consiste apenas em acordar cedinho –
toda manhã, de domingo a sábado – ,
abrir os olhos nessa penumbra cinzenta,
pela qual se costuma julgar de como será o dia recém-nascido,
ao lado da mulher amada,
que dorme de bruços, nua e confiante,
beijar os ombros aveludados dela
e, dando-me conta de que estou vivo,
agradecer, humilde, a quem criou a vida
por tê-la criado tão simples e cheia de bagatelas maravilhosas.
Numa palavra, evito acrescentar ao que foi concebido pequeno,
e, dada a mínima diferença entre vencido e vencedor,
não quero ser Davi nem Golias...
Quero ser Eu.

(estraído do blog de Antonio Miranda: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/oleg_almeida.html)

Entrevista: http://www.cranik.com/entrevista203.html


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