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terça-feira, 8 de novembro de 2016

POVOS UNIDOS PELA FÉ RELIGIOSIDADE é a marca de duas cidades no noroeste do Estado

Publicado no Jornal Zero Hora, terça-feira, 01 de novembro de 2016

#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado do Rio Grande do Sul. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, e no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)




Mauricio Rebellato
mauricio.rebellato@rbstv.com.br

"A fé da cultura alemã e as tradições da Igreja Ortodoxa russa, preservadas há mais de cem anos no Estado, são destaque em duas cidades do noroeste gaúcho.


Nosso primeiro destino foi São Pedro do Butiá. Saindo de carro de Porto Alegre, são cerca de seis horas e meia de estrada em direção à Região das Missões. A viagem é longa, mas o município de colonização alemã, com 3 mil habitantes, reserva boas surpresas.

Em São Pedro do Butiá, uma grande estátua
 homenageia o santo que deu nome a cidade
- Nossa comunidade foi construída  de acordo com a cultura que os alemães trouxeram para cá. Então, como era comum, construíram uma capela e, depois, um templo maior – conta a moradora Velida Inês Schneider.

Essa história pode ser conferida no Centro Germânico,  um espaço de quatro hectares com imagens de santos e peças como um oratório de 1920. Há também a Praça dos Apóstolos, que revela esculturas dos 12 discípulos de Jesus.  São cenários tranquilos e inspiradores em meio à natureza. A aposentada Maria Madalena Feix diz que já teve graças alcançadas por intermédio de São Pedro, que dá nome à cidade.

- Sempre rezo por ele, porque ele é imenso aqui no Butiá.

Imenso não só pelo poder que os devotos atribuem a ele, mas também pela estátua de 30 metros que é a principal atração do centro. A obra é do mesmo tamanho do Cristo Redentor do Rio de Janeiro.  Se de fora impressiona, por dentro encanta e convida à oração. No interior da estátua, os visitantes são recebidos pelo grupo folclórico da cidade.

O pilar que sustenta a obra é uma cruz missioneira, a maior de toda a região, com 10 metros de altura. No espaço, há pedras, água e objetos que vieram do Mar da Galileia, onde Pedro  era pescador. É possível, ainda,  subir os 30 metros da estátua, em um caminho que conduz os visitantes a espaços de oração, obras sacras e grutas. Depois dos 94 degraus, chega-se aos ombros de São Pedro, lugar com vista para toda a cidade.

No Centro, os turistas também se integram à alegria germânica e podem almoçar em restaurante típico (entre R$ 22 a R$ 27), construído em 1925.


O BERÇO DA IMIGRAÇÃO RUSSA

Moradores podem guiar passeio pelo cemitério russo de Campina das Missões

Seguindo viagem, a BR-392 e a ERS-168 nos levam até Campina das Missões, considerado o berço da imigração russa no Estado. Em 1909, os primeiros imigrantes chegaram ao município, que hoje tem 6 mil habitantes, trazendo não somente a vontade de trabalhar, mas também algo muito forte para eles: a fé da igreja ortodoxa.

No centro da cidade, há um monumento a São Vladimir, santo da igreja ortodoxa. Por ali, visitamos a casa da família Zabolotsky, de  descendentes de imigrantes russos, onde os costumes são preservados . a lampatca, luz que fica acesa permanentemente em um oratório no canto da sala, representa a presença de Deus no lugar.

- Procuramos manter essas tradições, esse legado que foi trazido por nossos pais e avós. Então, cultuamos dentro de casa também, para fazer as orações antes de dormir – afirma Jacinto Anatólio Zabolotsky, presidente da Associação Cultural Volga Russa do Brasil.

Dirigindo cinco quilômetros por uma estrada de chão, chegamos a uma comunidade que ainda abriga cerca de cem famílias de descendentes russos. A primeira igreja russa do Brasil foi construída ali, em 1912, mas a que está em pé hoje é datada de 1950. Dentro, não existem imagens, somente ícones.  Em cima, a cúpula divina, que marca as construções ortodoxas e simboliza o esplendor de Deus, De fora, o que nos chama a atenção são os cantos e as orações.

Metade da liturgia, é feita em russo, com o padre virado para o Oriente. Homens sentam de um lado, mulheres do outro, e elas precisam usar um lenço, em sinal de respeito. Dá para participar da celebração ou conhecer a história da imigração acompanhado de moradores (agendamentos pelo telefone 55 3567-1179). O agricultor aposentado Laurencio Tozeviche  mostra lugares como o cemitério russo.

- É para não ficar esquecido. É para ficar vivo na história.

A cada túmulo, a história de uma família de imigrantes russos que escolheu a região para viver. São sepulturas centenárias, assim como uma cruz que está lá há 114 anos. Ela tem uma lança, lembrando a que foi cravada no peito de Jesus, e uma escada, forma de pedir que quem foi sepultado aqui suba direto para o céu."

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