РУССЛИЙ

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Grupo brasileiro convida diretor russo para conduzir espetáculo


Foi uma revolução. E ninguém garante que tenha chegado ao fim. No século 19, o Teatro de Arte de Moscou mudou radicalmente as feições do que se fazia nos palcos mundo afora. Mas ainda hoje é possível sentir o lastro dessa transformação. 

Responsável por uma festejada montagem deO Idiota - dirigida por Cibele Forjaz -, a Mundana Cia. estreia na sexta-feira o espetáculo Pais e Filhos. Trata-se de um mergulho no romance do escritor Ivan Turguêniev. Conduzido, desta vez, pelo russo Adolf Shapiro. 

Não é apenas a nacionalidade que credencia Shapiro a encenar o texto de seu compatriota. O diretor é nome referencial quando se trata do sistema Stanislavski. Criado em seu país, o método de interpretação pautou as artes cênicas no século 20. Impactante, chegou a ser transplantado para o cinema hollywoodiano. Ganhou versões, releituras, visões particulares, além de distorções e detratores. 

Tornou-se comum no teatro contemporâneo o ataque às ideias de Constantin Stanislavski. Mudaram a política, o mundo, as artes. Seria ele, então, capaz de dar conta da complexidade atual? "É claro que algumas posições do sistema Stanislavski envelhecem. Mas, algumas outras, adquirem um valor ainda maior", considera o encenador, que já esteve à frente de companhias de países como Canadá, Estados Unidos e Alemanha. "No tempo desse ataque tão agressivo da cultura pop, de tudo aquilo que enche as televisões, o pensamento para o qual está direcionado o sistema de Stanislavski ganha um significado especial."

Também especial é o sentido que a trama de Turguêniev adquire se vista pelos espectadores de hoje. Obra-prima do autor, o livro foi escrito em 1862. Surgiu, portanto, antes das duas Guerras Mundiais e dos sistemas totalitários do século 20. Mas já trazia como protagonista um homem que condenava todas as verdades absolutas, todas as crenças definitivas. "Não digo que conscientemente, mas de maneira intuitiva, Turguêniev foi capaz de prever uma série de problemas com os quais a humanidade viria a se deparar", observa Shapiro, que conversou com o Estado sobre sua experiência no Brasil.

Quando ouvimos o protagonista de Pais e Filhos falar sobre suas ideias - o seu niilismo, a sua negação de todos os sistemas, de todas as verdades absolutas - temos a sensação de que esse texto soa mais contemporâneo hoje do que em qualquer outro momento histórico. Como as plateias de nosso tempo devem receber essa história?

Pode ser que hoje ele realmente soe mais contemporâneo do que quando escrito. Não digo que conscientemente, mas de maneira intuitiva, Turguêniev previu uma série de problemas com os quais a humanidade viria a se deparar no futuro. O século 20 foi a época de grandes ideologias. E todas elas fracassaram: o comunismo, o fascismo e, em certo sentido, a ideia do nacionalismo.

Curioso é termos a impressão exata que o protagonista já sabia tudo isso de antemão.

Não sabia, mas pressentia. E a luta entre essas ideias sempre terminou com guerras e destruição. O século atual também não começou promissor, se pensarmos no terrorismo, nas formas de fundamentalismo das várias religiões. A questão é que todas essas ideias não são capazes de trazer a felicidade. Existe um otimismo nessa obra. O personagem Bazárov quis colocar uma ideia à frente da própria vida, quis montar a vida como um cavaleiro monta um cavalo, mas acabou sendo jogado para fora da sela. É aí que nos lembramos de Dostoievski: nenhuma ideia vale mais do que a lágrima de uma criança. E esse personagem descobriu isso. 

Várias correntes do teatro contemporâneo gostam de negar a validade do método Stanislavski. Como se ele estivesse ultrapassado ou não fosse mais capaz de dar conta da complexidade atual. O senhor crê que as ideias de Stanislavski continuam vivas? 

Cada um escolhe o método através do qual pode expressar melhor a si mesmo. Também não existe um sistema que valha para todas as épocas. Mas há alguma coisa que remanesce na história da cultura. Assim como o teatro antigo, a Commedia dell'Arte. Toda a história do teatro são fagulhas do pensamento humano. Hoje, não é possível imaginar alguém que trabalhe apenas com o sistema Stanislavski sem levar em consideração as experiências que vieram depois dele: Bertolt Brecht, Jerzy Grotowski. Também é claro que algumas posições do sistema envelheceram. Mas outras adquirem um valor ainda maior. No teatro, você não pode ser um continuador. Não se pode continuar absolutamente nada. Você pode ser apenas um pesquisador. E, para isso, é preciso entender não a letra, mas o espírito desse sistema. 

De alguma maneira, as ideias de Stanislavski parecem ser tão poderosas que a discussão continua levando-as em consideração. Não importa se para afirmá-las ou negá-las. Stanislavski ainda pauta o debate.

Essa é a maior evidência de que ele ainda está vivo: o fato de incomodar muita gente. Por ele as pessoas brigam, reagem, se irritam. Respeito os que negam o sistema Stanislavski. Mas depois de o terem conhecido. Porque a maioria dos seus detratores não sabe o que está negando.
Cena da peça 'Pais e Filhos', com a Mundana Companhia, dirigida pelo russo Adolf Shapiro

Aos 30 anos, Galpão encontra Anton Chekhov


Quem também aderiu ao teatro da Rússia foi o grupo Galpão. Ao comemorar 30 anos, a tradicional companhia mineira deixou o universo festivo, expansivo, quase farsesco onde sempre se movimentou com tanta desenvoltura, para encontrar a inquietante obra de Anton Chekhov. 
Eclipse': peça se aproxima de estética do construtivismo


Com estreia paulistana marcada para quinta-feira, Eclipse é uma junção de contos do escritor. À frente da encenação está o diretor russo Jurij Alschitz, um dos maiores especialistas no teatro do dramaturgo. "O Galpão me procurou em busca de um novo jeito de atuar. Foi uma briga entre dois teatros muito diferentes", conta Alschitz. "Queria fazer algo para o qual o aparato físico deles não estivesse preparado para suportar. Deixá-los nus, inseguros."

Também na contramão da imagem que se costuma associar à ficção de Chekhov, o estudioso russo, que vive na Alemanha, recusou o psicologismo e buscou observar o autor pelo prisma do construtivismo. O resultado está distante do realismo e flerta com certa dose de absurdo. "Acompanhamos figuras sem história, sem passado", diz o ator Chico Pelúcio. Em uma série de monólogos, os intérpretes vasculham questões como felicidade, fé, a função do talento e o lugar do artista. 

O desejo de se reinventar e caminhar por um território ainda inexplorado moveu o grupo a aproximar-se do encenador. A maior parte do processo de criação deu-se a distância. Além da leitura de mais de 150 contos e a criação de cenas a partir de vários desses textos, o trabalho incluiu duas etapas: uma aqui e outra na Alemanha. Depois de passar um tempo fora do país, o grupo trouxe Jurij Alschitz ao Brasil "Tirei todos os seus apoios. Quando eles queriam cantar, tocar instrumentos, eu simplesmente dizia: 'Não. Apenas sente-se e diga o seu monólogo'", relata o encenador. 

Em 2011, o Galpão já havia montado uma peça do mesmo escritor. Mas, naquele caso, a intenção era outra. Na recente montagem de Tio Vânia, a diretora Yara de Novaes aproximou a trupe dos dramas de dimensão psicológica. Dessa maneira, a trajetória de Vânia - homem de meia-idade que passa a questionar a validade de suas escolhas - tornou-se pretexto para que o Galpão também fizesse um balanço do passado. "A peça fala da relação dos homens com o tempo, esse momento de rever o que fizeram", diz Yara. 

ECLIPSE

Sesc Vila Mariana. Teatro. Rua Pelotas, 141, tel. 5080-3000. 
Ingressos também podem ser adquiridos em qualquer unidade do SESC - veja no site:  http://www.sescsp.org.br/sesc/ 

Apresentações até 14 de outubro de 2012:
21 horas às quintas e sábados
18 horas aos domingos
Ingressos: R$24,00

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

JANTAR DANÇANTE 27 DE OUTUBRO DE 2012, KOLPINGHAUS



GRUPO FOLCLÓRICO TROYKA DE CAMPINA DAS MISSÕES



A  SOCIEDADE FILANTROPICA PAULISTA  vem a público cumprimentar o Grupo Folclórico Troyka de Campina das Missões, RS, pelos 20 anos de existência e pelo belíssimo trabalho na divulgação do folclore e tradições da cultura russa.

O Grupo Troyka participou do 40º FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOLCLORE realizado na cidade de Nova Petrópolis em 03 e 05/08/2012. Abaixo oficio da Câmara de Vereadores de Campina das Missões:





A próxima apresentação do Troyka será na Argentina, na FIESTA NACIONAL  DEL  INMIGRANTE nos dias 15 de 16 de setembro p.f..