РУССЛИЙ

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Oficinas culturais grátis para Terceira Idade

Para aproveitar o próximo mês de julho, uma boa dica é participar das oficinas grátis do SESC Santo Amaro - Rua Amador Bueno, 505 (mesma rua do Poupatempo); as oficinas acontecem às terças-feiras, das 15 às 17 horas; os encontros visam resgatar momentos marcantes das histórias de vida narradas pelos participantes utilizando as linguagens artísticas da dança, música, teatro e literatura.


Dança: Histórias e Memórias
A atriz e bailarina Estela Lapponi, acompanhada do ator Clovys Torres, ensinarão o despertar a dança de cada um, o ritmo interno que cada um, por meio de movimentos trazidos pela memória corporal dos participantes.  No final, os participantes serão convidados e estimulados a apresentarem sua própria dança que culminará em uma coreografia.
Terça, 3 de julho - das 15h às 17h.

Música: Histórias e Memórias
O ator Clovys Torres e a cantora Fernanda de Paula apresentam uma dinâmica com o grupo de idosos a partir de perguntas simples e objetivas tais como: "Qual a música que embala sua vida?" e "Qual o som que te embala nos dias atuais?".  Sempre dentro de um universo onírico sugerido pelos presentes na oficina, finalizando com canções relembradas pelo grupo num pequeno show percussivo.
Terça, 10 de julho - das 15h às 17h.
Poesia: Histórias e Memórias
Utiliza a poesia cotidiana a partir de temas sugeridos pelos participantes, favorecendo o diálogo e a troca de experiências. O ator Walter Portella apresenta um objeto pessoal que o acompanha ao longo de sua vida e estimula os presentes a falar sobre o objeto de sua vida. A ideia é que cada um fale ou escreva sobre o que este objeto escolhido lhe desperta. A partir daí os presentes serão convidados a registrar (através da escrita, do desenho ou depoimento) a maior emoção que este objeto presenciou...O diretor conclui a atividade com poesias de clássicos, acompanhado de Clovys Torres e Lilian Blanc.
Terça, 17 de julho - das 15h às 17h.

Teatro: Histórias e Memórias
A diretora Andreah Dorim apresenta jogos teatrais acompanhada do ator Clovys Torres, a fim de despertar a memória corporal dos movimentos que mais despertam alegrias ou tristezas e que fazem parte do repertório de cada um.  No segundo momento, estes exercícios serão organizados numa coreografia que resulta em uma foto coletiva e poesias sobre suas memórias, um espaço para que cada um fale sobre o que esta sentindo após exercitar seu próprio corpo nesta busca sobre as marcas que a vida deu. Um mini sarau encerra a atividade.
Terça, 24 de julho - das 15h às 17h.



sexta-feira, 15 de junho de 2012

ASILO EM SÃO PAULO RECEBE IDOSOS DE ORIGEM ESLAVA


Asilo na zona sul da cidade conserva tradições, datas comemorativas e cozinha russa e tem biblioteca com mais de mil títulos na língua .
Vanessa Pilz
Especial para Gazeta Russa

Na Rua dos Cafezais, zona Sul de São Paulo uma casa de muro claro e portão alto abriga 22 idosos que testemunharam boa parte das tragédias e mudanças do século 20 ao redor do mundo. A mnaior parte é de imigrantes de origem russa que vieram para o Brasil no início do século passado.
“Aqui conservamos todas as tradições russas. Há bandeiras da Rússia nos cômodos, objetos típicos do país e uma biblioteca  com mais de mil livros russos”, enumera Igor Chnee, presidente da Sociedade Filantrópica Paulista há 17 anos.
Fundada em 1946 por um grupo de imigrantes russos que enriqueceram com o cultivo de café em  São Paulo, a Sociedade Filantrópica Paulista é administradora do Lar São Nicolau. A ideia  do asilo surgiu quando um desses imigrantes, Arkadij Selianinov, encontrou um idoso russo deitado em uma calçada  no centro de São Paulo. Foi então que decidiu ajudar os compatriotas que ao tiveram  mesma sorte no Brasil.

Caçula

Alexandre Rogulin, 80 anos, é o morador mais jovem do lar e mudou-se para lá há dez anos. Sua mãe nasceu na Estônia e o pai na Rússia. Casaram-se em São Petersburgo  e se mudaram para os Balcãs em 1917, onde ele nasceu.  Seu pai era oficial da monarquia russa e achou melhor deixar o país após a revolução ocorrida naquele ano.
Nascida na antiga Iugoslávia, Alexandre se mudou para o Brasil com os pais aos 19 anos, logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando as duas irmãs mais velhas já moravam no  pais. Ele se naturalizou brasileiro nove  anos depois. Antes disso, casou-se com uma brasileira de ascendência russa. O casamento durou apenas quatro anos – ele queria filhos, ela não. Ex-professor de ioga, ele parou de praticar há apenas alguns anos, mas continua  se dedicando à leitura de sábios  espirituais e lecionando russo, já que é um dos poucos idosos que podem sair sem autorização da família.
“Era um  menino quando conheci um velho místico de passagem pelos Balcãs. Ele tinha uma aura diferente e isso me atraiu. Ali começou meu interesse pelos assuntos místicos, que eu desenvolveria mais tarde no Brasil”, conta Alexandre.


           Idosos do Lar São Nicolau frequentam capela ortodoxa, entre outros elementos russos
 

Pessoas importantes

A maior parte dos residentes do lar são russos, bielorrussos e ucranianos naturalizados, mas há também idosos nascidos no Brasil, na Iugoslávia e Alemanha. Alexandre, por exemplo, nunca voltou à terra natal.
No lar, ele recebe visitas de parentes, principalmente  em datas comemorativas, quando as famílias dos idosos são convidadas para almoços ou jantares no local. “ O bufê de dona Elena é imbatível”, elogia, referindo-se à supervisora geral do Lar São Nicolau, Elena Konovalova.
Elena conta que o asilo já recebeu pessoas importantes  entre seus moradores. “Já acolhemos uma senhora formada pela universidade de Cambridge, um idoso que falava sete línguas, uma bailarina  russa e até uma prima do tsar Nicolau II. Pessoas muito cultas, que tiveram experiências muito ricas, mas, infelizmente, em alguns casas a doença acaba apagando esse passado”, diz.

Café na cama

Segundo Elena, alguns idosos recebem até “mordomias”, como café d manhã na cama, quando não querem ir ao refeitório. Não é o caso de Maria Filonas Yacovlevna,  de 92 anos. Ela reclama do horário do café da manhã, que é servido  “muito cedo”, mas não pretende fazer o desjejum na cama em breve. “Enquanto eu estiver bem e andando, irei levantar para tomar o café na cozinha”, afirma.
Filha de russos, Maria nasceu na Lituânia em 1920 e mudou-se com a família para o Brasil quando tinha seis anos de idade. “Antes de eu nascer, meu pai morou oito anos nos Estados Unidos e lá ouviu falar muito de São Paulo. Diziam que era uma cidade moderna, que tinha boas oportunidades para todos”, conta Maria.
O Lar São Nicolau é hoje a única casa de repouso para idosos de ascendência russa da  América Latina.

 Artigo publicado na Gazeta Russa em 13 de junho de 2012
 A Gazeta Russa é  publicada quinzenalmente na Folha de São Paulo.
 www.gazetarussa.com.br