РУССЛИЙ

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Prosear pode salvar sua vida!

Estive andando de ônibus esses dias; semana passada um senhor idoso que estava sentado do lado oposto, mudou de lugar e sentou-se perto de mim, dizendo: "o sol está forte e eu não posso ficar muito tempo exposto", mostrando seus braços manchados.  Contou-me que depois que se aposentou foi trabalhar como motorista particular mas que, infelizmente, agora teve que parar por causa do problema na pele, mas que estava em tratamento porque gostava muito de viver.

Desejei-lhe pronto restabelecimento e disse que agora, com esse calor e a secura, havia também o perigo de desidratação.  Percebi que gostava de conversar - andar de ônibus tem-me oferecido muitas oportunidades para trocar idéias e ouvir as pessoas - e perguntei de onde era.



Sorriu e em seguida contou-me o seguinte:

Quando eu ainda tinha 20 anos, lá no Paraná, onde vivi quando criança, tomei o trem que vai de Curitiba a Paranaguá.  Como havia pago por uma passagem de primeira classe, sentei-me no vagão apropriado.  Logo percebi que meus trajes simples não condiziam com os dos outros passageiros e que esses me lançavam olhares enviesados, sem responder às minhas perguntas.

Gostando de uma boa prosa, resolvi mudar de vagão indo para a frente e sentei-me na segunda classe, onde certamente encontraria uma boa conversa e companhia.

Nem bem acomodei-me para prosear com meu vizinho que este virou-se e chamou minha atenção para o que havia acontecido atrás de nós: o vagão da primeira classe havia descarrilhado e caido no abismo.  Mais tarde soubemos que no acidente todos morreram.

E concluiu: assim como eu gostava de prosear, escolhi um outro vagão. 

Eu respondi: como o sr. escolheu prosear, também escolheu viver. 

Mais tarde, elaborando, pensei ser possível comparar o trem à vida , a escolha do vagão ao tipo de vida que queremos levar e os passageiros como os companheiros que escolhemos para CONVIVER e partilhar nossa jornada.  Imaginei que esse sr. era um ser muito especial que o Universo tinha me enviado para que contasse essa história (que mais parece fábula) para mim... daí decidi postar aqui para vocês.

Uma história recontada por Vicky Soutter, editora deste blog.

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