Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher
Déspota esclarecida, patronesse das artes, intelectual e
monarca, talvez o adjetivo “a grande” tenha sido pouco para representar tudo que
Catarina foi para o seu tempo, visionária, inquieta e dona de uma mente
brilhante, a Imperatriz russa se tornou uma das mulheres mais influentes da
história da humanidade se tornando figura central na Europa monárquica,
patriarcal e pré-revolucionária do século XVIII.
Catarina
nasceu em um pequeno principado alemão, no dia 02 de maio de 1729. Seu nome de nascença era Sofia Frederica
Augusta de Anhalt-Zerbst, passou a se chamar Catarina após sua conversão para a
fé ortodoxa, e desde que deixou o principado na Alemanha para ir se casar com o
herdeiro do trono russo Pedro, ela já moldava seus passos, desvendava mistérios
e intrigas da corte para que algum dia pudesse se tornar czarina do império
russo.
Após conduzir
um golpe que depôs o marido, Catarina ascende ao trono russo com a ajuda do
exército, igreja, nobreza e do povo, seu caráter e personalidade demonstravam
um forte contraste em relação à inépcia dominadora de seu marido. No dia de sua
coroação as salvas de tiros de canhões começaram cedo, naquele dia os domos das
cúpulas de ouro das catedrais brilhavam ainda mais resplandecentes, Catarina
caminhava soberana a caminho da coroa em um tapete carmim que foi estendo na
escadaria vermelha do Kremlin. O embaixador inglês, duque de Buckinghamshire
descreveu-a como “linda, olhos azuis se destacavam pelo brilho. A cabeça bem
posta sobre um pescoço longo causava uma impressão de orgulho, poder e
vontade.” Sob um mar de súditos que a aclamavam ela se nomeou Catarina II
imperatriz da Rússia.
Sob seu
reinado o domínio russo atingiu seu auge, transformando-o em um dos principais
impérios da época, sob sua régia a Rússia anexou os territórios da Ucrânia
Ocidental, Lituânia e Bielorússia. Em 1783 conquista a Criméia fazendo com que
o Império chegue ao Mar Negro.
No campo das
artes e cultura, as mudanças foram ainda mais expressivas, inaugurou a
Universidade de Moscou e a academia de literatura russa. Nos palácios de
Versailles na França e Buckingham na Inglaterra, Catarina ficou conhecida como patronesse das artes após inaugurar o
suntuoso Hermitage, que até hoje é o maior museu de artes do mundo e abriga
mais de três milhões de obras expostas. Ainda no campo literário, a imperatriz escreveu comédias,
ficção e até um código de leis e normas baseado nas ideias dos filósofos
iluministas na qual era grande leitora e amiga, se correspondendo
frequentemente com Voltaire, Diderot e d´Alembert. Baseada nas ideias do
nepotismo benevolente de Montesquieu aboliu a tortura e a pena de morte na
Rússia.
Catarina II
foi uma figura singular na era monárquica, nos deixando uma lição de humildade,
apesar de ser venerada pelos seus súditos e admirada em toda a corte europeia
ela sempre recusou títulos pomposos, fossem eles feitos pela assembleia, pelo
povo ou pelos iluministas franceses como Voltaire que enchia as correspondências
a ela de atributos floreados, dizia aos súditos que não queria ser chamada de
Catarina, a Grande, dizia que isso somente a posteridade poderia decidir. Ainda
antes de morrer Catarina escreveu um epitáfio e de maneira singela de autodescreveu como Catarina II, “uma
mulher tolerante, compreensiva, sociável por natureza, não odiava ninguém e
perdoava com facilidade. Fez muitas amizades, tinha prazer em trabalhar e amava
as artes.”
Texto
Bóris P. Zabolotsky
Campina das Missões
Acadêmico de Relações Internacionais / UFSM
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