Publicado no Jornal Zero Hora, terça-feira, 01 de novembro de 2016
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado do Rio Grande do Sul. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, e no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)
Mauricio Rebellato
mauricio.rebellato@rbstv.com.br
"A fé da cultura alemã e as tradições da Igreja Ortodoxa russa, preservadas há mais de cem anos no Estado, são destaque em duas cidades do noroeste gaúcho.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado do Rio Grande do Sul. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, e no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)
mauricio.rebellato@rbstv.com.br
"A fé da cultura alemã e as tradições da Igreja Ortodoxa russa, preservadas há mais de cem anos no Estado, são destaque em duas cidades do noroeste gaúcho.
Nosso
primeiro destino foi São Pedro do Butiá. Saindo de carro de Porto Alegre, são
cerca de seis horas e meia de estrada em direção à Região das Missões. A viagem
é longa, mas o município de colonização alemã, com 3 mil habitantes, reserva
boas surpresas.
Em São Pedro do Butiá, uma grande estátua homenageia o santo que deu nome a cidade |
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Nossa comunidade foi construída de
acordo com a cultura que os alemães trouxeram para cá. Então, como era comum,
construíram uma capela e, depois, um templo maior – conta a moradora Velida Inês Schneider.
Essa
história pode ser conferida no Centro Germânico, um espaço de quatro hectares com imagens de
santos e peças como um oratório de 1920. Há também a Praça dos Apóstolos, que
revela esculturas dos 12 discípulos de Jesus.
São cenários tranquilos e inspiradores em meio à natureza. A aposentada
Maria Madalena Feix diz que já teve graças alcançadas por intermédio de São
Pedro, que dá nome à cidade.
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Sempre rezo por ele, porque ele é imenso aqui no Butiá.
Imenso
não só pelo poder que os devotos atribuem a ele, mas também pela estátua de 30
metros que é a principal atração do centro. A obra é do mesmo tamanho do Cristo
Redentor do Rio de Janeiro. Se de fora
impressiona, por dentro encanta e convida à oração. No interior da estátua, os
visitantes são recebidos pelo grupo folclórico da cidade.
O
pilar que sustenta a obra é uma cruz missioneira, a maior de toda a região, com
10 metros de altura. No espaço, há pedras, água e objetos que vieram do Mar da
Galileia, onde Pedro era pescador. É
possível, ainda, subir os 30 metros da
estátua, em um caminho que conduz os visitantes a espaços de oração, obras
sacras e grutas. Depois dos 94 degraus, chega-se aos ombros de São Pedro, lugar
com vista para toda a cidade.
No
Centro, os turistas também se integram à alegria germânica e podem almoçar em
restaurante típico (entre R$ 22 a R$ 27), construído em 1925.
O
BERÇO DA IMIGRAÇÃO RUSSA
Moradores podem guiar passeio pelo cemitério russo de Campina das Missões |
Seguindo
viagem, a BR-392 e a ERS-168 nos levam até Campina das Missões, considerado o
berço da imigração russa no Estado. Em 1909, os primeiros imigrantes chegaram
ao município, que hoje tem 6 mil habitantes, trazendo não somente a vontade de
trabalhar, mas também algo muito forte para eles: a fé da igreja ortodoxa.
No
centro da cidade, há um monumento a São Vladimir, santo da igreja ortodoxa. Por
ali, visitamos a casa da família Zabolotsky, de
descendentes de imigrantes russos, onde os costumes são preservados . a
lampatca, luz que fica acesa permanentemente em um oratório no canto da sala,
representa a presença de Deus no lugar.
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Procuramos manter essas tradições, esse legado que foi trazido por nossos pais
e avós. Então, cultuamos dentro de casa também, para fazer as orações antes de
dormir – afirma Jacinto Anatólio Zabolotsky, presidente da Associação Cultural
Volga Russa do Brasil.
Dirigindo
cinco quilômetros por uma estrada de chão, chegamos a uma comunidade que ainda
abriga cerca de cem famílias de descendentes russos. A primeira igreja russa do
Brasil foi construída ali, em 1912, mas a que está em pé hoje é datada de 1950.
Dentro, não existem imagens, somente ícones.
Em cima, a cúpula divina, que marca as construções ortodoxas e simboliza
o esplendor de Deus, De fora, o que nos chama a atenção são os cantos e as
orações.
Metade
da liturgia, é feita em russo, com o padre virado para o Oriente. Homens sentam
de um lado, mulheres do outro, e elas precisam usar um lenço, em sinal de
respeito. Dá para participar da celebração ou conhecer a história da imigração
acompanhado de moradores (agendamentos pelo telefone 55 3567-1179). O
agricultor aposentado Laurencio Tozeviche
mostra lugares como o cemitério russo.
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É para não ficar esquecido. É para ficar vivo na história.
A
cada túmulo, a história de uma família de imigrantes russos que escolheu a
região para viver. São sepulturas centenárias, assim como uma cruz que está lá
há 114 anos. Ela tem uma lança, lembrando a que foi cravada no peito de Jesus,
e uma escada, forma de pedir que quem foi sepultado aqui suba direto para o
céu."
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